Vida pessoal de Jobs foi marcada por dramas e superações

Rejeitado duas vezes ao nascer, executivo foi adotado por casal de origem humilde, sofreu com pobreza e enfrentou câncer devastador


A história profissional de Steve Jobs talvez fosse menos digna de nota se o criador da Apple não tivesse vivido - e superado - tantos dramas pessoais. Ao nascer, Jobs foi rejeitado não uma, mas duas vezes. Pobre, frenquentava cultos religiosos em troca de um prato de comida. O câncer, por fim, também foi superado uma vez, numa vitória dramática que lhe deu uma sobrevida ainda mais aplaudida pelos admiradores.
Leia tudo sobre a morte de Steve Jobs.
Filho biológico de Joanne Simpson e de Abdulfattah Jandali, que estudaram juntos na Universidade de Wisconsin (EUA), ele foi entregue para adoção assim que nasceu, em 24 de fevereiro de 1955, porque seu avô materno não aceitava a idéia de sua filha se unir a um homem sírio. Porém, o processo de adoção foi tortuoso. Joanne fazia questão de entregar o filho para um casal com formação universitária e já havia combinado a adoção com um advogado e sua esposa. O casal, entretanto, queria uma menina e não aceitou o bebê. Havia anos na fila de espera, a contadora Clara e o operário Paul Jobs receberam uma ligação no meio da noite e, questionados sobre a possibilidade de adotar um menino, eles quiseram "sim!", ficar com a criança. Ao saber que os futuros pais adotivos não tinham curso superior, a mãe biológica recusou-se a assinar os papéis e só mudou de ideia quando Clara e Paul se comprometeram a enviar o menino para a faculdade. O futuro criador da Apple foi adotado então pelo casal.
Como prometido, Clara e Paul enviaram Jobs à universidade quando ele tinha 17 anos. Admitido na Reed College, ele mudou-se para Portland, no estado americano de Oregon. Mas, incomodado com o fato de não enxergar utilidade no que lhe era ensinado e ciente de que o curso estava consumindo toda a poupança da família, ele resolveu abandonar o curso. Apesar de ter desistido de se formar, Jobs continuou freqüentando a faculdade por um tempo, assistindo as aulas como ouvinte. Fez aulas de caligrafia que, mais tarde, o permitiram valorizar a beleza do design, que tanto influenciou seus produtos.
Nesse período, em que dormia no chão do quarto de amigos, Jobs devolvia garrafas usadas de Coca-cola a cinco centavos de dólar cada, a fim de juntar dinheiro para comprar comida. Uma vez por semana, ele também freqüentava um templo Hare Krishna, onde conseguia almoçar de graça.
Mesmo sem ter conseguido se formar, Jobs foi convidado a ser paraninfo de uma turma de Stanford, em 2005. Neste evento foi gravado o vídeo icônico, no qual ele fala de como tantas dificuldades o moldaram para ser resistente e como, mesmo as coisas que pareciam completamente duras e sem sentido, no final sempre tinham um objetivo e uma função.
Já adulto, Jobs contou com os serviços de um detetive particular para descobrir a identidade de mãe biológica. Seu pai, entretanto, diz que somente há poucos anos teve a informação de que o filho entregue a adoção era Steve Jobs. Em declarações feitas ao jornal "Daily Mail" em setembro, Jandali, 80 anos, confessou o arrependimento por não ter assumido a paternidade de Jobs e declarou que gostaria de conhecer o filho antes que este morresse, desejo não atendido pelo executivo
Jandali e a mãe biológica de Jobs, Joanne, casaram-se meses depois de seu nascimento e tiveram outra filha em 14 de junho de 1957, batizada de Mona. Ela tornou-se uma escritora de sucesso, mas só descobriu que tinha um irmão depois de adulta. Abandonada pelo pai quando tinha cinco anos, Mona acabou adotando o sobrenome de seu padrasto, Simpson, o que rendeu mais uma das curiosidades da vida pessoal do criador da Apple. Mona casou-se com Richard Appel, um dos roteiristas do desenho animado "Os Simpsons", que usou o primeiro nome da esposa para batizar a mãe de Homer Simpson.
A história pessoal do criador do Apple, no entanto, também teve bons momentos. Em março de 1991, ele se casou com Laurene Powell, que esteve ao seu lado até o fim. Eles tiveram três filhos: um menino e duas meninas. Jobs teve ainda outra filha. Nascida em 1978, Lisa Brennan-Jobs foi fruto de um relacionamento rápido com Chrisann Brennan. A princípio, ele recusou a paternidade alegando que era estéril, mas acabou reconhecendo Lisa como sua filha algum tempo depois.
A despeito de sua biografia repleta vitórias e exemplos de superação profissional, Steve Jobs sucumbiu diante do agravamento de suas condições de saúde, o que teve início com a descoberta de um raro tipo de câncer pancreático. Além do câncer de pâncreas, o executivo passou por um transplante de fígado, em 2009 e sua aparência, cada vez mais magra e abatida, gerou incontáveis debates sobre sua capacidade de permanecer no comando da empresa que fundou. Após um longo período em licença médica, Jobs anunciou a renúncia ao cargo de executivo-chefe da Apple.
Em uma carta enviada ao conselho da Apple para justificar sua saída, ele afirmou sempre ter dito que "um dia, quando não pudesse mais cumprir minhas obrigações e atender as expectativas" ligadas ao cargo de executivo-chefe, "seria o primeiro a informá-los. Infelizmente, esse dia chegou. Por isso renuncio como executivo-chefe da Apple".
Jobs morreu menos de dois meses depois de ter deixado o comando do conglomerado que criou. Em uma de suas mais famosas frases durante palestra na Universidade de Stanford, ele disse: “Ninguém quer morrer. Mesmo as pessoas que querem chegar ao Paraíso não querem morrer pra estar lá. Mas, apesar disso, a morte é um destino de todos nós. Ninguém nunca escapou. E deve ser assim, porque a morte é provavelmente a maior invenção da vida. É o agente de transformação da vida. Ela elimina os antigos e abre caminho para os novos”.

Fonte:Economia

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